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Idosos ajudam a tornar bairros mais seguros

Martes, 20 de Septiembre de 2011
Recortes de prensa

Participação dos mais velhos em conselhos leva conhecimento profundo sobre as regiões para a discussão sobre segurança.

Criados para aumentar a participação da comunidade na prevenção e combate a situações de violência, os conselhos comunitários de segurança (Consegs) nos bairros de Curitiba estão ganhando fortes aliados: os moradores com mais de 60 anos. Com tempo livre, vontade de colaborar e experiência, eles são cada vez mais requisitados para ajudar a comunidade a enfrentar problemas que vão desde a ausência de módulos policiais nos bairros a casos cada vez mais frequentes de arrombamento de residências.

Um bom exemplo da participação ativa do pessoal de cabelos brancos é o Conseg Jardim das Américas, atuante desde 2001. Atualmente, toda a diretoria é formada por pessoas na terceira idade ou prestes a chegar lá – são cinco membros com mais de 60 anos e dois com 57. De acordo com o presidente do conselho, o empresário Pedro Forcadell, de 66 anos, a disponibilidade de tempo faz a diferença, uma vez que quem atua nesses órgãos precisa ter compromisso com o trabalho realizado, que é voluntário. “Se não houver comprometimento, as coisas não acontecem. O trabalho não tem remuneração e toma tempo”, diz.

A coordenadora estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança do Paraná, Michelle Lourenço Cabral, também destaca a disponibilidade de tempo como um bom motivo para que os idosos tomem a frente em tais atividades. “O trabalho exige participação em reuniões e cursos, visitas a secretarias e viagens, muitas vezes em horário de expediente, ou seja, é, preciso dispor de tempo”.

Outro diferencial deles é poder colocar em prática a experiência adquirida – seja na vida social, seja na profissional. Um bom exemplo é o conhecimento profundo da região, fruto da longa vivência no bairro. Como lembra Michelle, os idosos não costumam mudar de casa, o que faz com que eles consigam perceber a efetividade ou a necessidade de novos projetos preventivos, o foco dos conselhos.

Experiência
A experiência adquirida pelos idosos também é importante para resolver questões burocráticas que aparecem no dia a dia de quem assume a direção de uma associação. O bancário Jaime José Miquelleto, de 57 anos, colocou a habilidade em lidar com questões administrativas e com números a serviço do Conseg, do qual faz parte há três meses. “Ajuda na hora de elaborar uma ata ou fazer requisições por escrito”, exemplifica.

“Não dá para deixar tudo para a polícia”, diz voluntária

Quem atua nos conselhos precisa ter em mente que o trabalho é feito em prol de toda a comunidade, com foco, principalmente, na família. Nesses casos, de acordo com a voluntária do Conseg Sítio Cercado Arlinda Messias dos Santos, de 75 anos, a importância dada pelo idoso à instituição familiar é um “algo a mais” que ajuda os demais membros, mais jovens ou na meia idade, a enxergar a importância de um trabalho integrado.

Para Arlinda, que atua no Conseg há dois anos, desde que ele foi criado, os idosos deveriam participar mais desses conselhos, até mesmo como uma es­­pé­­­cie de terapia, para afastar a solidão e a depressão que acometem quem se aposenta ou perde um companheiro de muitos anos. Na Vila Osternak, região que ela representa no órgão, há muitas viúvas e ela tenta, aos poucos, convencê-las a se engajar para que o local, lembrado quase sempre pelos altos índices de criminalidade, ganhe uma nova identidade. Nos clubes da terceira idade que frequenta, Arlinda faz marcação cerrada sobre as amigas.

“Quero mostrar que ainda é possível fazer muita coisa. Não dá para deixar tudo para a polícia”, diz ela, que recomenda a participação nos Consegs até mes­­mo para que os idosos percam aquela sensação de vulnerabilidade que impede a muitos de terem uma vida social. “Tem uma amiga que diz que tem medo de pegar ônibus e ser assaltada. Esse temor a gente só perde quando luta por mais segurança”, diz.

Contribuição

Como os idosos podem contribuir para consolidar a atuação dos Consegs em seu bairros:

- Tempo livre – atuar em qualquer associação onde não há remuneração e o trabalho é voluntário exige dedicação e compromisso. Com mais tempo livre, os idosos têm mais chances de assumir e manter tal compromisso.
- Identificação – os idosos já estão estabelecidos no bairro, ao contrário dos jovens, que geralmente migram para outros lugares quando casam ou adquirem independência financeira. A estabilidade cria maior identificação com o local e o desejo de melhorá-lo. A preocupação com questões estruturais, como a segurança, também é maior.
- Experiência – a experiência de vida e de anos de trabalho também dão a maturidade e a habilidade necessárias para administrar uma associação; os contatos e a amizade cultivados ao longo da vida também ajudam a convencer outros moradores a se engajar.

Por que é importante se engajar:

- Prevenção – os idosos, ao lado de mulheres, são os alvos preferidos de bandidos, de acordo com a Polícia Militar, que mantém até cartilhas e palestras focadas nesses grupos. Nesse sentido, o trabalho nos Consegs dá ao idoso a oportunidade de colocar em discussão, junto à comunidade, os problemas que ele enfrenta pessoalmente, prevenindo ataques a esse público.
- Terapia – o trabalho voluntário é altamente recomendável por médicos e pela Organização Mundial da Saúde, para evitar o diagnóstico precoce de demências como mal de Alzheimer e o aparecimento da depressão.

Serviço:
Para participar dos Consegs, procure a Coordenadoria Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança, nos telefones (41) 3313-1984 e 3313-1921, e peça informações a respeito da localização e telefone do órgão no seu bairro. Tais informações também podem ser obtidas através do site http://www.conseg.pr.gov.br/

Mais saúde

Engajamento também se reflete na vida

Para que os Consegs consigam mobilizar os moradores em torno dos projetos desejados é necessário, antes de mais nada, que os voluntários exerçam um papel de liderança junto à comunidade. É aí, mais uma vez, que o pessoal da terceira idade pode fazer a diferença, de acordo com a coordenadora estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança do Paraná, Michelle Lourenço Cabral.

Não por acaso, de acordo com a coordenadora, grande parte dos Consegs do estado já tem em seus quadros pelo menos 50% dos membros com mais de 60 anos ou prestes a chegar lá. “São pessoas que gozam de respeito junto à comunidade e têm perfil de liderança, pré-requisitos muito importantes para realizar esse tipo de trabalho”, diz Michelle.

Em relação à violência sofrida pelo idoso, seja em casa ou na rua, Michelle aponta, novamente, o engajamento como aliado. No caso da violência psicológica ou física sofrida no dia a dia, ela afirma que o conselho pode realizar campanhas de conscientização nas escolas do bairro com assessoria dos mais velhos. “Essa participação também tira o idoso de casa, e faz com que ele se torne autônomo e menos dependente da família, diminuindo os casos de violência também dentro de casa”.

Fonte: Gazeta do Povo 1/09/2011
http://www.gazetadopovo.com.br/pazsemvozemedo/conteudo.phtml?tl=1&id=1164528&tit=Idosos-ajudam-a-tornar-bairros-mais-seguros