Objetivo do grupo de trabalho sobre envelhecimento, criado pela Assembleia Geral, é fortalecer a proteção dos direitos humanos de pessoas na terceira idade.
Acontece na sede das Nações Unidas até esta sexta-feira, a quinta sessão do Grupo de Trabalho sobre Envelhecimento, com o propósito de fortalecer os direitos humanos das pessoas idosas.
O grupo foi criado por resolução da Assembleia Geral em 2010.
Longevidade
Em entrevista à Rádio ONU em Nova York, o presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, Alexandre Kalache, disse que um grande desafio do século XXI é poder garantir qualidade de vida a uma população que está envelhecendo, não só no país.
"Quando eu nasci no Brasil em 1945, a esperança de vida da minha geração era de 43 anos. Hoje é de 75 anos. São 32 anos a mais de vida para um brasileiro nascido hoje em comparação a quando eu nasci que não faz tanto tempo."
O especialista em envelhecimento afirmou ainda que atualmente 12% da população no Brasil têm mais de 60 anos e que, em 2050, este percentual será de 30%.
Convenção
De acordo com o médico, o objetivo da reunião do grupo de trabalho em Nova York esta semana é "discutir a necessidade de uma convenção da ONU para proteger os direitos das pessoas idosas".
"E a gente tá falando direitos de que? É o direito de trabalhar. Por que uma pessoa de 70 anos que queira continuar trabalhando não possa ter esse direito? A aposentadoria compulsória é uma coisa que vai passar a ser do passado."
Na entrevista, o especialista falou sobre o que considera dois avanços importantes para que as pessoas idosas tenham melhor qualidade de vida no Brasil hoje: o acesso universal à saúde concedido pela Constituição e o direito a uma renda mínima.
Rapidez
Numa outra entrevista à Rádio ONU, por telefone de Santiago, no Chile, o chefe da área de População e Desenvolvimento, da Divisão de População da Comissão Econômica para America Latina e o Caribe, Cepal, Paulo Saad, falou sobre o envelhecimento.
Ele disse que há um consenso na América Latina sobre a necessidade de uma convenção específica sobre os direitos dos idosos. Paulo Saad afirmou que o envelhecimento da população na região está acontecendo de forma mais rápida e menos gradual que em outros países.
"No caso da América Latina e logicamente da Ásia também, este é um processo que vai ser muito rápido, com muito pouco tempo de um ajuste mais gradual. Então, é uma preocupação. Este envelhecimento muito rápido e logicamente o que antes era uma proporção muito pequena da população, muito rapidamente vai ser uma parte muito significativa e logicamente sem as necessidades específicas."
Ele afirmou ainda que o Brasil é um dos países da América Latina com envelhecimento mais rápido e citou dois fatores: as taxas de natalidade decrescente e a expectativa de vida cada vez mais alta.
Impactos
Segundo o especialista da Cepal, a população em geral da América Latina deve crescer cerca de 32% até 2050. O crescimento estimado para a população com 80 anos e mais é de cerca de 530%.
Paulo Saad falou também sobre os possíveis impactos socioeconômicos desta mudança na estrutura da população, mencionando as áreas de previdência e saúde.
"Eu incorporaria um mais que está diretamente ligado à questão da saúde, que é a questão dos cuidados. Essa pressão por cuidados vai aumentar muitíssimo no futuro."
Segundo o especialista, com a diminuição do tamanho das famílias, e portanto, da rede familiar de apoio, o setor público deverá ter uma participação maior nesta área.
Fonte: Radio ONU - 1/8/2014.
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2014/08/reuniao-na-onu-discute-possibilidade-de-convencao-internacional-do-idoso/#.U-DlmmPYMuQ