A imprensa teima em ignorar os idosos

No Brasil, o tratamento que a imprensa dispensa aos idosos mostra que para os meios de comunicação os idosos simplesmente não existem. A exemplo de outros paises latino americanos, comemoramos o Dia Internacional do Idoso, em 1º. de outubro com manifestações nas ruas e praças de grande número de cidades de quase todos os estados. Pela primeira vez na nossa história, milhares de idosos saíram às ruas para manifestar seu protesto e inconformismo.

Em São Paulo, aproximadamente 1000 idosos vindos de todas as regiões da capital reuniram-se na Praça da Sé, junto às escadarias da Catedral Metropolitana para repudiar com veemência, a falta de respeito aos seus direitos que as leis lhes garantem porém não são aplicados na prática do dia a dia. Vários oradores fizeram uso da palavra para manifestar seu apoio ao evento.

No mesmo local, algumas horas depois, reuniram-se adeptos do Movimento da Moradia, que em seguida fizeram passeata pelas ruas centrais e acabaram ocupando prédios  públicos, sendo reprimidos e entrando em conflito com a Policia Militar que tentava evitar desordens e depredações.

No dia seguinte, o jornal "O Estado de São Paulo" estampou em manchete na sua primeira página a noticia sobre a ação dos integrantes do movimento pela moradia mas não publicou uma linha sequer sobre a manifestação dos idosos no mesmo dia e local. Quais seriam os motivos dessa indiferença? Será por que os idosos fizeram uma manifestação ordeira e pacífica, sem conflitos ou violências?

Nos dias que antecederam a nossa Marcha pela Dignidade dos Cabeças Brancas, entramos em contato com todos os jornais, emissoras de rádio e televisão comunicando o evento e solicitando publicação de noticia a respeito. Fomos simplesmente ignorados pela mídia. Parece que somos invisíveis, simplesmente não existimos... Até quando esse preconceito permanecerá? Já não está na hora de acabar com as discriminações, as injustiças e as exclusões de todo tipo de que são vitimas nossos idosos?

Na América Latina a situação não é diferente. A Rede Latino Americana de Gerontologia,  (RLG) – www.gerontologia.org - noticiou em 4 de outubro de 2007:        "Cinco mil idosos marchando pelas ruas de Assunção no Paraguai no dia 1o. de outubro não conseguiram sequer uma pequena menção na imprensa. Parece então que não é noticia que uma multidão de representantes dos nossos pais, tios e avôs tenha que sair às ruas para reclamar que não têm acessos, nem aposentadorias, depois de haver dado o melhor de si durante toda a vida, construindo a pátria, formando famílias, com a esperança de poder ter um pouco de felicidade nos seus últimos anos de existência?

Nossos idosos não podem esperar mais, não por que não queiram mas por que estão morrendo. E saibam os senhores que os que morrem na indigência perdem não somente a dignidade mas também o nome, ao baixar nas fossas comuns de indigentes, por não poder pagar por um pedaço de terra para ser enterrados? Chamamos a atenção de nossos governantes para que reflitam sobre esse tema. Quem não respeita os idosos, não respeita suas tradições, não tem valores, não respeita a sua historia. E quem não tem passado, não sabe por onde vai, não tem futuro."