Brasil precisa investir em instituições para idosos, diz Ipea

Lunes, 05 de Noviembre de 2007

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Dados do IBGE revelam envelhecimento da população brasileira.
Pesquisa está mapeando os diferentes tipos de instituições que acolhem idosos no país

Globo.com  - 29 out. 2007

A população de idosos no Brasil deve triplicar até 2050 e o país precisará investir em instituições para cuidar dessa grande parcela da população, que passará a representar cerca de 13% do povo brasileiro, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A constatação do envelhecimento da população brasileira a partir de levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) motivou uma pesquisa do Ipea, iniciada em 2006, que está mapeando os diferentes tipos de instituições que acolhem idosos no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem atualmente 2,4 mil instituições de longa permanência autorizadas para funcionamento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A pesquisadora do Ipea, Ana Amélia Camarano, especialista no tema, acredita que o governo precisa criar uma política pública de acolhimento do idoso. Camarano informou que apenas cerca de cem mil idosos residem em instituições no Brasil.

Alguns idosos passam apenas o dia em abrigo

O abrigo federal Cristo Redentor, em Bonsucesso, no subúrbio do Rio, administrado pelo município do Rio desde 1998, abriga cerca de 300 idosos, que recebem cuidados médicos e participam de oficinas. A equipe conta com médico, enfermeira, nutricionista e psicólogo para atender os internos e cerca de vinte idosos semi-dependentes, que só passam o dia no local. Nesse caso, o idoso fica no abrigo, enquanto a família passa o dia trabalhando.

Segundo a pesquisadora Ana Amélia Camarano, as pessoas de baixa renda têm maior dificuldade de acesso a essas instituições.

A pesquisa do Ipea também revela um novo comportamento entre os idosos. Há aqueles que preferem viver sem a família para garantir segurança e cuidados médicos constantes. Idosos aposentados usam sua remuneração para pagar atendimento independente da família.

O levantamento do IBGE feito em 2006 demonstra o envelhecimento do Brasil. Os idosos com mais de 70 anos já são atualmente 8,5 milhões de brasileiros ou 4,5% da população. A previsão do instituto é de que em 2050 sejam 34,3 milhões de idosos, que representarão 13,2% da população.

 Nascem menos brasileiros, que agora vivem mais

Enquanto a população envelhece, a família brasileira passa por transformações. Cada vez mais mulheres trabalham fora, mais pessoas moram sozinhas e os casais têm menos filhos. Em 2006, 46,8% das brasileiras com mais de dez anos estavam trabalhando. Há dez anos, esse número era de 41%.

A taxa de fecundidade no Brasil foi de dois filhos por mulher em 2006. Nos anos 60, a média por mulher era de seis filhos. Além do número menor de nascimentos, a expectativa de vida no Brasil vem aumentando continuamente. Em 1996, o brasileiro nascia com expectativa de viver até os 69 anos. Hoje, o número subiu para 72,4 anos.

A pesquisa do Ipea pretende mapear as instituições de longa permanência no Brasil. O instituto emprega o termo "instituição de longa permanência" ao invés de "asilo", que está em desuso.

Segundo o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, 2% da população idosa brasileira vive em instituições desse tipo. O conselho está participando da pesquisa em conjunto com o Ipea para descobrir se essas casas estão atendendo às exigências do Estatuto do Idoso, que define as condições para uma vida digna aos mais velhos.